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Rosana

domingo, 13 de fevereiro de 2011

TIA LINA BEBEU E MATOU TODO MUNDO...




Pra você ver como são as coisas.
Foi num domingo.
Todos preparados para saborear um delicioso churrasco, com a família reunida.
Observa a cena: sogra, filhas e noras na cozinha preparando o de comer, os genros e filhos preparando o gelo da cerveja, arrumando as loirinhas enlatadas uma a uma na caixa de isopor. As crianças correndo, entre a garagem e quintal. Típica reunião de família.
Quase uma hora da tarde e o telefone toca.
Foi um desespero total.
A sogra, melodramática(filha de Húngaros) gritava ao telefone.
- O Luiz?? Meu Deus!!! Mas o Zé Luiz também??? Meu Deusssss... Eu não acredito!!!Pode deixar, estamos indo agora!!!
A família toda correu para a sala e perguntando do que se tratava a gritaria e ele chorando responde:
- Mataram o Zé Luiz e o Luiz lá em Goiás!!
-Como foi isso, Mãe?
- Ele se envolveu numa briga e o Luiz estava lá e um homem matou os dois.
-Nossa! Que tragédia!!! E agora??
- Agora temos que ir pra lá. Mas o corpo vai pro Paraná, lá em Aquidabã.
Se sairmos agora vai dar tempo de velar os corpos e ir ao enterro.
Como as coisas estavam difíceis naquela época, não tínhamos um carro melhor para viajar e então a família resolveu pedir o carro do meu pai emprestado para fazer a viagem.
Era um Del Rey, prata, coisa mais linda. E lá foram eles, sem comer, sem ligar novamente pros parentes paranaenses. Quem foi? Geraldo, o meu marido, Wilson, marido da Tia Helena, Rogério, meu cunhado, Rosana, minha cunhada e minha querida sogra, MADALENA.
Nesse meio tempo, MADALENA ligou pra uma tia que mora aqui perto de casa e avisou que estavam indo para o Paraná, pois o Luiz e o Zé Luiz tinham morrido.
Pedi ao meu marido que fosse devagar, que tomasse cuidado e que ligasse assim que chegassem lá. A viagem duraria umas 8 horas.
A tardinha, toca o telefone na casa da Voleide, essa tia que minha querida sogra ligou, e do outro lado da linha era a tia Lina, esposa do tio Jorge, irmão da MADALENA.
Tia Lina gostava de tomar umas biritas e falava de um modo desconexo e a conversa seguia:
- E então Voleide, como estão todos?
- A, Lina, tá tudo bem, as crianças bem.
- E a MADALENA?
- A MADALENA de ir pro Parana. Parece que o Luiz e o Zé Luiz sofreram um atentado e morreram.
- Não!!!!!!!!!!!!!! A MADALENA viajou e morreu??Coitada!! Morreu na estrada? Acidente!!!
- Não Lina, Ela foi no enterro do Luiz e do filho.
- Nossa! Morreu ela e o filho??? O Geraldinho?
- Lina, nada disso. Eles foram ao enterro, a família toda!
- Meu Deus!! Morreu a família toda??? Nossa! Preciso avisar meus filhos. Um abraço, Voleide! Tchau...
Voleide não entendeu nada! Resolveu ligar para uma outra tia e avisar.
- Olá Deusa! Tudo bem? Sabe que é, é que morreu dois sobrinhos meus lá do Paraná e minha cunhada Lina ligou aqui e fez a maior confusão dizendo que quem morreu foi a MADALENA e a família toda.
- Nossa! Mas aconteceu algo? Será que sofreram algum acidente na viagem?
Nessa altura, a história que a MADALENA e a família tinham morrido começou a correr pelas linhas telefônicas e Voleide querendo explicar que a Lina não entendeu nada.
Mas o povo gosta de uma tragédia e Voleide, por mais que quisesse explicar as coisas, o povo não acreditava.
De repente o telefone toca aqui em casa.
Era a Deusa.
Pediu pra me chamar e disse pausadamente:
-Rosana, onde está o Geraldo?
Eu disse que o Ge tinha ido pro Paraná com a mãe e irmãos, pois havia morrido dois parentes em Goiás.
-Queria, presta atenção, tenta ligar lá no Paraná porque está todo mundo falando que eles sofreram um acidente na estrada.
Naquela época não era comum ter celular, isso já tem mais de 24 anos.
Liguei para a fazenda e conversei com o Nelson, dono da fazenda onde os primos eram contratados.
- Olá Rosana, olha, não temos notícias de ninguém aqui. Ainda não chegou ninguém, mas a Lurdes está chorando, dizendo que um parente dela sofreu um acidente na estrada. Vou verificar e já entro em contato com você.
Comecei a achar estranho.
Acidente com parente e os únicos de São Paulo que iam ao enterro eram os nossos parentes.
O telefone toca.
Atendi.Era o Nelson, com uma voz muito fúnebre.
- Minha querida, você tem que ser forte!Ocorreu um acidente feio. Me parece que o carro quebrou e sua sogra foi pedir ajuda e foi atropelada e na hora do atropelamento, veio um caminhão e pegou todos na estrada. Morreram todos os ocupantes.
- Mas Nelson, não pode ser. Olha. Vou ligar pro Carlos. Ele é da Polícia Rodoviária. Quem sabe ele pode me ajudar a saber se realmente teve este acidente. Não estou acreditando nisso.
- Olha Rosana, no primeiro momento é assim, a gente não quer acreditar, mas assim que você quiser eu aguardo você aqui.
- Obrigada, Nelson. Vou verificar isso direitinho.
Liguei pro Carlos e ele verificou que na estrada houve sim um acidente, mas pelo horário ele acreditava que não seria com eles.
Agradeci e resolvi ligar pro Claudio. Claudio é o sócio do meu marido, quase irmão.
-Olá Celeste, tudo bem? O Claudio está aí? Posso falar com ele?
-Claro Rosana, um minuto.
-Ola Rosana, o que posso te ajudar?
-Claudio, acontece o seguinte: o Geraldo foi pro Paraná pois dois primos dele morreram. Um tia ligou aqui dizendo que ele sofreu um acidente e que todos os ocupantes do carro estão mortos.Eu já liguei pro Carlos, primo do Geraldo do DNER e ele verificou mas não tem certeza de nada. Eu não tenho quem procurar pra me ajudar. Será que você tem alguma idéia de como eu posso resolver isso?
- Claro Rosana, pode deixar comigo. Já já eu te retorno.
O telefone toca novamente e era a Lurdes do Paraná. Ela chorando me disse que já tinha conversado com o prefeito da cidade e ele ofereceu o ginásio para velar os corpos do Zé Luiz e de todos da família. Disse também que havia uma festa e que ele havia acabado a festa por causa da tragédia.
Eu fiquei trêmula, achei que realmente as coisas não estavam se encaminhando para um bom desfecho.
Meus pés estavam dormentes e meus lábios brancos.
Pelo horário eles já deveriam ter se comuicado.
O telefone toca novamente e era o Cláudio.
Ele me disse que não houve acidente pelo horário que eles saíram. Que eu poderia ficar tranquila que não ia ser desta vez que tinha ficado viúva.
Começou a me subir uma raiva...
Se acaso eles não tivessem sofrido acidente, por que não tinham entrado em contato??
Mas meu marido sempre foi assim. Nunca pensa em mim. Que raiva!
De repente, toca o telefone e era ele...
-Seu filho da P..., por que não me ligou logo que chegou??
- Ro...eu não sei o que aconteceu aqui. Mas vou te contar: quando entramos na cidade estava chovendo muito e resolvemos ir primeiro pra fazenda e no caminho, no carreador um carro veio nos seguindo. Minha mãe me disse que não era pra parar pois havia assaltantes naquela região. O carro piscava a luz, dava sinal pra pararmos mas eu não parei. Vai lá saber o que ia acontecer? O carro se aproximou e eu escutei uma voz me chamando e quando olhei era o primo, dentro do carro. Ele viu a gente passar lá na praça e veio atrás, avisando que o velório ia ser no ginásio e que eles estavam esperando a gente chegar de RABECÃO pois o prefeito acabou a festa dizendo que todos nós havíamos morrido. Voltamos pra cidade e fomos até o buteco tomar uma gelada e comer algo. Chegando lá todo mundo ficava olhando pra gente e apontando dizendo que a gente que tinha morrido. Quero saber quem foi que inventou esta história?Ah, e não foi o Luiz que morreu, foi só o Zé Luiz. Melhor assim, não é?
Então desliguei o telefone e avisei o Claudio, o Carlos e a tia Deusa.
Quando falei com a tia Voleide ela me disse que a Lina vive de "fogo" e não entendeu nada que ela falou e por causa dela que aconteceu toda essa confusão.
Informações desencontradas, desespero das pessoas, melodramas...Tudo isso junto fez com que eu sempre duvidasse de palavras desencontrada.
Sempre vou a fonte pra saber que sabor tem a água...rsss...

Um comentário:

  1. Mas que confusão! E nesta terceira guerra, quem se salvou?
    É, Ro. Você faz muito bem em provar a água antes...

    Beijos
    Jorge

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